Uma equipa de sociólogos vai utilizar o e-mail para testar a Teoria dos Seis. Enunciada nos anos 60, esta teoria sugere que cada pessoa nos Estados Unidos está ligada por cadeia a pelo menos 6 pessoas.
A Teoria dos Seis serve, hoje em dia, para explicar quase tudo, como, por exemplo porque é que o nosso tio andou na escola com o Presidente da República ou até porque é que o filho da vizinha é extremamente parecido com o Diogo Infante.
Apesar de ser universalmente aceite, surpreendentemente a teoria de Stanley Milgram nunca foi testada. Agora uma equipa de sociólogos da Universidade de Columbia (Estados Unidos) vai tentar verificá-la.
A equipa liderada por Duncan Watts pretende para isso usar o e-mail para a criação de correntes mundiais. Com esta espécie de "chain letter" electrónica, os investigadores esperam poder conhecer a forma como se estabelecem as redes e estruturas sociais.
No estudo original, em 1967, Stanley Milgram enviou uma carta a 200 pessoas em Omaha e 100 em Boston. Na carta, os destinatários eram convidados a reenviá-la para um contacto pessoal. O objectivo era que a carta chegasse a um determinado alvo em Boston. Em 84, quando morreu, Milgram tinha conseguido criar 60 cadeias de cartas completas, enviadas em média por 6 remetentes.
Duncam Watts pretende agora repetir a experiência mas à escala mundial até porque considera o universo da experiência original muito pequeno para que possam ser extraídas conclusões universais.
Nos próximos anos, a equipa de Duncam Watts pretende enviar milhares de mensagens de e-mail a grupos de 20 indivíduos em todo o mundo. O objectivo será acabar o estudo com centenas de cadeias criadas entre os vários destinatários.
Os voluntários interessados em participar podem inscrever-se no site do projecto Small World (assim se chama o estudo). Uma vez registados, passam a receber mensagens com pedidos de ajuda para localizar determinada pessoa através do reencaminhamento do e-mail para um contacto pessoal.
Ao usar os dados demográficos (adquiridos quando as pessoas se registam no site), os investigadores vão escolher alvos com atributos muito específicos. A ideia será analisar cada ramificação da correia, à procura de padrões, como por exemplo ligações a partir da religião, política ou outros.
Conhecida a forma como se criam as redes sociais e todas as ramificações funcionam, os investigadores esperam também poder construir um modelo que possa ser aplicado em redes computacionais.
Pretende-se aplicar o mesmo algoritmo utilizado na descentralização das redes humanas (por natureza mais complexas) na resolução de problemas relacionados com congestionamento das redes informáticas.
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