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23 Nov 2001 por Paulo Jorge Dias  
Candidatos apanhados na Rede

As eleições já não se ganham apenas com comícios, cartazes e beijinhos distribuídos nas visitas a feiras e mercados. Nas Autárquicas 2001, uma boa parte do combate político trava-se na Internet. E são cada vez menos os candidatos a Câmaras Municipais e

 

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Os sites de campanha entraram definitivamente no universo do marketing político e são agora tão indispensáveis como os tradicionais comícios, cartazes e beijinhos distribuídos nas visitas às feiras e mercados.

Mesmo que não fiquem na História pela qualidade do debate político, as eleições autárquicas de 2001 poderão, pelo menos, ser recordadas como aquelas em que os candidatos a Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia descobriram o potencial político da Internet.

Sites visualmente atractivos, com recursos multimédia e serviços em tudo idênticos aos oferecidos pelos sites comerciais (newsletter, postais, etc) são as novas armas de propaganda política. E não faltam as animações, hinos, bonés, bandeirinhas, autocolantes e até mesmo um jogo onde é possível ajudar o boneco Super Santana a lutar contra o crime.

Para os homens do marketing político abre-se uma nova montra onde podem expor os seus candidatos, promovendo-os junto de públicos-alvo mais específicos e tradicionalmente abstencionistas, como é o caso dos jovens.

Paulo de Almeida Sande, consultor de comunicação, considera, no entanto, que este instrumento não resulta se for usado isoladamente. ''Deve ser conjugado com outros meios e em si próprio tem que conter formas de interactividade. Em alguns sites essa interacção está a ser muito bem utilizada com os e-mail, as newsletters e os registos, ou seja anda-se atrás dos eleitores'', defende.

Opinião semelhante tem Luís Silveira e Castro, webdesigner que foi responsável por alguns sites de campanha nas autárquicas de 1997. Segundo ele, ''apesar de tardiamente, os candidatos estão a incluir nos seus cartazes (e outro material, como brochuras e autocolantes) o endereço do seu site''.

Já o consultor de imagem Amadeu Silva tem uma visão mais céptica, considerando que os sites ''são apenas mais uma das presenças obrigatórias nas estratégias de marketing político ou para-político''.

Na sua opinião, a Internet é incontornável, como são os media em geral. ''Assim, servindo para tudo, também em matéria de ideologia política é obrigatório estar-se lá. Portanto, os sites deste teor existem aqui por obrigação'', defende.

As batalhas de Lisboa e Porto

Na Internet, como nas ruas, as grandes batalhas autárquicas travam-se entre os candidatos de Lisboa e Porto.

De um lado Pedro Santana Lopes, candidato do Partido Social Democrata (PSD) e do outro a cooligação ''Amar Lisboa'' (PS e CDU), encabeçada pelo autarca socialista João Soares.

Com a página de abertura dominada pelo célebre cartaz ''Eu Cumpro'', o site da cooligação PS-CDU inclui as listas candidatas às Câmara e Assembleia Municipal, assim como às Juntas de Freguesia (com nomes e fotos). Há ainda secções de notícias, uma newsletter para subscrição, a lista de apoiantes, as publicações de campanha, sondagens, recortes de imprensa e alguns (poucos) textos políticos, em versão resumida.

Com serviços em tudo semelhantes, o site de Pedro Santana Lopes inclui ainda uma galeria multimédia, áreas de chat onde pode conversar periodicamente com o ex-autarca da Figueira da Foz e o merchandising de campanha.

Curiosamente, Paulo Portas (CDS/PP), o candidato que encheu as ruas de Lisboa com cartazes onde diz ''Eu Fico'', não tem site próprio. Apenas uma referência na página do partido, juntamente com todas as outras candidaturas populares.

No Porto a luta é entre Fernando Gomes (PS) e Rui Rio (PSD-CDS/PP). Para o consultor Amadeu Silva quem sai a perder é o candidato laranja: ''É um site sujo, com exagero de informação e de leitura fastidiosa''. Já o de Fernando Gomes é mais '' limpo e arejado'' porque o candidato leva a vantagem de ''não precisar de dizer quem é''.

No Portugal dos pequeninos

Os orçamentos são um factor determinante em qualquer candidatura e neste aspecto, os partidos ditos mais pequenos ficam em desvantagem. A lógica é a da rentabilização dos recursos e, por isso, a solução passa pela criação de uma secção ''autárquica'' nos sites partidários.

Não sendo propriamente partidos pequenos, CDS/PP e PCP (através da CDU) optaram por esta solução: todos os candidatos numa só base.

Quanto aos outros, a primeira grande vitória na Internet cabe ao pequeno Partido Humanista, cujo site consegue aparecer em primeiro lugar nos motores de pesquisa internacionais, sempre que se procuram as ''autárquicas 2001''. De pouco lhe deve valer, já que o único candidato visível on-line é um professor espanhol, candidato à Câmara Municipal de Coimbra.

Mas nem sempre a boa vontade é suficiente. Que o diga o Bloco de Esquerda que protagonizou a primeira grande gaffe on-line destas eleições. Apesar de ter uma boa base de informação sobre os candidatos bloquistas no site do movimento, o candidato à Câmara Municipal de Lisboa - aquele que, no fundo, tem maior exposição mediática - foi pura e simplesmente esquecido.

Quando se procura pela sua candidatura na página dedicada às autárquicas, percebe-se que estão devidamente referidos todos os concelhos do distrito de Lisboa, excepto o próprio concelho da capital.

Já no caso do PCTP/MRPP, que concorre à CM Lisboa com uma lista encabeçada por Garcia Pereira, o problema é de ordem ''técnica''. Com excepção da página de abertura, em flash, da página dos candidatos e da área de contactos, tudo o resto está ''em obras''. Nada conveniente para quem pretende ser autarca!

Super Santana!

Os jogos on-line são uma das estratégias de marketing adoptadas por algumas candidaturas. Pedro Santana Lopes leva vantagem com quatro jogos, mas Fernando Gomes não lhe fica atrás, com um Trivial Tripeiro.

O mais dinâmico e aquele que promete criar uma enorme legião de fãs é o Super Santana. Trata-se de um jogo onde o cibernauta pode ajudar o candidato laranja a combater a criminalidade em Lisboa, num estilo que faria inveja aos próprios Super Mario Brothers!

Na opinião de Amadeu Silva ''as gracinhas ficam sempre bem em qualquer site''. O director da APS - Comunicação considera que o humor pode ser ''conveniente'' e acaba por transmitir alguma comunicação. ''Será até nestes links que se passam verdadeiramente as mensagens que interessa passar, sejam de humor, mesmo idiota (Santana Lopes), de sarcasmo (João Soares), de cinismo (Fernando Gomes)'', refere.

Para Paulo de Almeida Sande trata-se de um instrumento que funciona muito bem, pois atrai as pessoas e, através do jogo, consegue fidelizá-las. ''Faz com que as pessoas voltem ao site e vão assimilando algumas mensagens. No caso do Pedro Santana Lopes funciona ainda melhor porque tem uma imagem muito mediática'', refere o consultor.

Ainda assim, o director da agência Cidot, considera que é necessário ter muito cuidado com este recurso, lembrando o caso do jogo ''Picó Jorge'' nas eleições presidenciais de Janeiro deste ano.

Na altura, a Juventude Social Democrata (JSD) colocou no seu site um jogo de dardos on-line, onde o candidato socialista Jorge Sampaio funcionava como alvo. O objectivo era lançar uma seta e ''picar'' o boneco Jorge, mas o caso resultou num incidente político e o jogo foi retirado do site.

Vender candidatos na Net?

Ficou célebre a frase do director de uma estação televisiva: ''uma televisão que tem 50 por cento de share pode até vender Presidentes da República''. E a Internet, será capaz de vender presidentes da Câmara com a mesma facilidade com que vende livros e CDs?

Para os marketeers contactados pela Digito, a política pode aprender alguma coisa com a publicidade. No entanto, são unânimes em considerar que existem diferenças significativas na forma como se promove um produto e um político na Net.

''É completamente diferente! Um produto funciona num mercado onde há concorrência mas não há uma predisposição para gostar ou não, enquanto em relação ao marketing político, trabalha-se num ambiente ideologizado, onde há um jogo do gosto/não gosto'', explica Paulo de Almeida Sande.

Na sua opinião, ''os sites dos candidatos têm que reflectir o aspecto afectivo que existe na política, é necessário gerir a relação animosidade/afectividade''.

Ao nível da linguagem, no marketing político há uma menor adjectivação relativamente ao marketing de produtos. ''No site de um candidato devem salientar-se factos, dar exemplos e apresentar-se soluções'', diz Almeida Sande.

Já do ponto de vista estético, as diferenças são menores. Para Luís Silveira e Castro, a receita é igual: ''Produto principal em grande plano acompanhado de um slogan que faz babar qualquer pessoa! Agora, se é bom para consumo? Como não há certezas, o melhor é navegar bem, ler atentamente a informação e as letras pequeninas que poderão aparecer, para não sermos enganados''.

E o vencedor é ...

Não obstante a maior ou menor precisão das sondagens, os resultados finais só serão conhecidos a 16 de Dezembro. Mas na campanha on-line pode até já haver vencedores antecipados.

''Santana Lopes é o candidato vencedor no meu ponto de vista, devido ao tipo de site que optou: organização tipo portal, às cores bastantes serenas e à disposição dos temas. Um portal que tem os ingredientes para o visitante ir ver o site mais vezes'', diz Luís Silveira e Castro.

Em relação ao site de Fernando Gomes, o webdesigner considera-o ''muito bom ao nível da programação e design. Minimalista, com design arejado e escondendo muito bem a agressividade da campanha eleitoral''.

Já Amadeu Silva defende que nenhum deles leva vantagem, ''ou, em limite, João Soares'', que na sua opinião tem o site mais ''útil'' do ponto de vista da comunicação com o utilizador.

''É verdadeiramente um site à lisboeta: tem tanto de 'sem papas na língua' como de basofeiro. O 'Divirta-se' é o cúmulo do sarcasmo e a presença 'estratégica' de todas (?) as sondagens tem o efeito de anulação das desvantagens'', defende Amadeu Silva.

Resta então esperar pela noite das eleições e procurar, na Internet, as reacções dos candidatos ... algum deles há-de dizer finalmente ''Eu é que sou o Presidente da Junta''!


 

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