
Apesar da estação orbital MIR ter data marcada para ser destruída em Março despenhando-se no Oceano Pacífico, peritos espaciais russos estão divididos sobre a continuidade em órbita da estação. A questão está a apaixonar a opinião pública russa que maioritariamente queria que a MIR continuasse no espaço.
Um debate público promovido pela estação televisiva ORT mostrou que alguns peritos espaciais defendem soluções alternativas para o ''fim'' da MIR. Georgy Grechko defende que o equipamento da MIR poderia ser reutilizado pela Estação Espacial Internacional (EEI) apesar desta ''solução'' superar o custo de usar equipamentos novos enviados da Terra.
Gennady Malyshev, professor do Instituto de Aviação de Moscovo defende que ainda é possível salvar a MIR usando o modulo Progress M1-5 para elevar a MIR para uma órbita mais estável (60 km acima da actual), que lhe permitirá permanecer mais 6 meses em actividade. Entretanto a MIR poderia ser equipada com motores de iões que alargaria o período de vida da estação russa por vários anos.
Actualmente a MIR perde cerca de 200 a 800 metros de altitude diários. A estação orbital tem por isso uma vida de órbita que acaba a 26 de Março com uma margem de erro de 15 por cento. A MIR atingirá a este ritmo os 250 km de altitude por volta do dia 8 de Março, uma altitude a partir da qual é impossível às Soyuz acoplarem à estação sem colocar a tripulação em risco.
A MIR completa em fim de Fevereiro 15 anos de serviço, muito para além do que teria sido projectada. Segundo Yuri Semenov da RKK Energia General, esta extensão da vida da MIR deveu-se mais ao facto de provar que a Estação Espacial Internacional (EEI) teria uma vida útil de 15 anos.
Contudo alguns peritos levantaram também a questão do perigo que a MIR representa - uma queda não controlada da MIR poderia ocorrer entre os 52 graus de latitude Norte e os 52 graus de latitude Sul expondo hipoteticamente 85 por cento da população mundial aos destroços dos fragmentos da MIR.
Para piorar o ''quadro negro'' a própria estação tem avarias irreversíveis que impedem a continuidade do seu funcionamento, nomeadamente as fugas do sistema de controlo térmico e os problemas que estão a ocorrer nos comandos da estação.
Segundo afirmou Vladimir Solovyov do Centro de Controle de Korolev, os problemas nos comandos da estação são tão graves a ponto de o motor principal poder ter uma ignição ''não programada''.
A falta de fundos da Agência Espacial Russa e a crise económica actual na Rússia é contudo o seu principal carrasco.
|