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Ciência: Novo estado da matéria

(Lusa) - Uma equipa de investigação do Laboratório Europeu para a Física de Partículas (CERN) que inclui cientistas portugueses recriou um estado da matéria que deverá ter existido alguns microsegundos após o Big Bang.

Um dos investigadores envolvido nas experiências disse à Agência Lusa que a proeza foi validar em laboratório a teoria do Big Bang, a explosão que se acredita ter dado origem ao Universo. Tratou-se de criar em laboratório um novo estado da matéria, deduz-se das explicações do investigador Pedro Rato Mendes.

Os cientistas comprimiram núcleos atómicos de chumbo o mais que a tecnologia actual lhes permite e aceleraram-nos de encontro a um alvo de chumbo comprimindo-os, e obtendo, assim, a densidade de energia que procuravam.

Pedro Rato Mendes explicou que os cientistas portugueses envolvidos nesta descoberta, cerca de quinze, são quadros do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP).

Este desenvolvimento científico, que os cientistas do CERN vão explicar na quinta-feira em conferência de imprensa, vem sendo perseguido desde 1986 no quadro de um programa de investigação (Programa de iões pesados) em que o próprio ministro da Ciência e da Tecnologia, Mariano Gago, participou como investigador.

Os investigadores europeus envolvidos nesta experiência, cerca de uma centena, apresentaram provas decisivas de um novo estado da matéria em que os quarks , que são provavelmente os componentes mais pequenos da matéria, em vez de se encontrarem confinados em neutrões e protões, como sucede nos núcleos atómicos, existiam livres naquele momento.

Até agora, existiam apenas teorias sobre o que pode ter sucedido após o Big Bang e a formação da matéria tal como a conhecemos hoje, mas ninguém conseguira ainda uma confirmação laboratorial.

As experiências realizadas pelos investigadores nos aceleradores de partículas do CERN geraram temperaturas 100.000 vezes superiores à que se supõe ser a do centro do Sol e densidades de energia vinte vezes maiores do que a da matéria nuclear corrente, algo nunca antes conseguido em nenhum laboratório.


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