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Circo Máximo, por João Lopes Marques
Fotografia digital - revolução tranquila

Não há muitos anos, falar de fotografia digital era um pouco como falarmos hoje da terceira geração de telemóveis, vulgo UMTS. Não se tratava de fazer futurologia - mas andava lá perto.

 

Opinião Opinião

JOÃO LOPES MARQUES
Consultor e Jornalista free-lancer
 
PERFIL
João Lopes Marques foi jornalista no Diário de Notícias, Público, Semanário e revista Invista, chefe de redacção do diário A Capital e assessor do secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Seixas da Costa. Nos últimos dois anos foi director editorial do portal Clix, do qual é hoje consultor editorial.

No próximo mês, não perca a coluna de Miguel Vitorino!

 

 

Para mais tarde recordar

Hoje, por incrível que pareça, não estamos muito mais à frente: as câmaras digitais vão-se massificando a pouco e pouco, mas falta ainda o clique que as torne apetitosas, suculentas, para as grandes multinacionais. Chamam a isto "modelo de negócio".

Talvez seja abusivo, mas não poderia haver melhor imagem: a história linda das câmaras digitais arrisca-se a ser um pouco como o sonho da Internet. Todos sabem as suas potencialidades - interactividade, ubiquidade, tempo real, comunidade, baixo custo. Quase ninguém sabe o melhor modelo de negócio a adoptar. Uma vez mais, o "modelo de negócio".

Num e noutro caso só há duas certezas: os operadores ganham com tráfego; os fabricantes ganham com câmaras vendidas.

Como todos sabemos e fruímos, o mito da gratuitidade instalou-se na Grande Rede. E, mesmo que se vá desinstalando, a resistência popular é forte. Na fotografia digital andamos lá perto. Captar imagens sem ter a angústia de ir a correr comprar filme e, sobretudo, pagar a respectiva revelação independentemente da qualidade das fotos, é aliciante em Portugal, no Tonga, no Uzbequistão. É estimulante vê-las no local - permite corrigir o tiro, por exemplo. E, claro, partilhá-las através de email com os amigos é algo ainda mais estimulante e instantâneo.

É simpático e simples - mesmo que se nos coloquem problemas bem concretos como a capacidade limitada e preço elevado dos aparelhos, a dependência do laptop ou do PC, as dificuldades de armazenamento, a dificuldade de impressão. Ou, para muitos, o próprio gozo da fotografia.

Os alvores da época digital estão para a omnipresente Kodak como a Internet esteve (e está) para os grandes jornais mundiais. "Como fazer dinheiro com o negócio onde somos líderes." Monetizar, pois.

Respostas definitivas não as há, diga-se já. A grande angústia não é tecnológica - é a metodologia de impressão dessas mesmas fotografias. Um computador é, por natureza, um utensílio egoísta, como a palavra "personal" deixa entrever. Não é facilmente partilhável, exibível - condição decisiva para obtermos uma imagem. Esta, por outro lado, tem algo de táctil. Vê-la num monitor quebra o sabor do whisky à lareira numa noite de Natal.

Então? A "Economist" escrevia há meses que das três uma: 1) ou vamos imprimir as fotografias em casa com recurso a uma impressora; 2) ou vamos enviá-las online para uma loja que, após fazer a impressão, nos devolve por correio para casa; 3) ou aparecerá uma rede de lojas preparadas para imprimir no local as imagens digitais por nós captadas.

Não é óbvio. Todas as três hipóteses contêm desvantagens, embora multinacionais como a Kodak possam, num primeiro instante, beneficiar da rede de lojas já existente nos quatro cantos do planeta. De acordo com os dados mais recentes da empresa, cerca de 20 por cento dos "fotógrafos" já usa câmaras digitais - mas destes apenas outros 20 por cento tem o hábito de imprimir as suas imagens. Não é uma boa notícia para quem está habituado a ganhar dinheiro com filmes e revelações.

Tudo poderá mudar, contudo. As memórias das câmaras digitais vão aumentar exponencialmente nos próximos anos, meses. Assim como a sua capacidade e funcionalidades. Os modelos serão cada vez mais potentes, fáceis de manusear e editar a imagem. O MMS, neste capítulo, também poderá dar um empurrão, de forma a desmistificar a fotografia digital. Em breve estes 20 por cento serão muitos mais e estratégias não faltarão para pôr meio-mundo a imprimir as suas obras de arte.

Certo é que, enquanto empresas como a japonesa Fuji ou as norte-americanas Kodak ou HP não avançam com uma estratégia clara, amadores e profissionais dão passos firmes no sentido da consolidação da fotografia digital. Encaram-na como uma vitória civilizacional. Estão, neste capítulo, muito à frente do mercado. Mas, também aqui, nada de novo se passa - já ouviram falar na Internet?


 

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