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Circo Máximo, por João Lopes Marques
Grávidos de esperança

Todos sabemos que o futuro é duro e sinuoso, mas, quando se fala de tecnologia, terá mesmo que ser assim tanto?

 

Opinião Opinião

JOÃO LOPES MARQUES
Consultor e Jornalista free-lancer
 
PERFIL
João Lopes Marques foi jornalista no Diário de Notícias, Público, Semanário e revista Invista, chefe de redacção do diário A Capital e assessor do secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Seixas da Costa. Nos últimos dois anos foi director editorial do portal Clix, do qual é hoje consultor editorial.

No próximo mês, não perca a coluna de Miguel Vitorino!

 

 

O futuro anunciado e prometido é traiçoeiro. Tem sido assim e, tudo leva a crer que continuará a ser assim. É - as tradições não mudam facilmente. Foram precisos anos de espera e derrapagem para tecnologias como o vídeo, DVD, CD ou os próprios telemóveis se massificarem e democratizarem. As representações passadas e presentes do futuro pecaram e pecam por demasiado ambiciosas, desde o "Espaço 1999" ou "2001, Odisseia no Espaço" até ao mais recente "Inteligência Artificial". Todas nos remetem para o imaginário do previsível, aquilo que todos imaginávamos, imaginamos, que será o futuro.

A história prova precisamente o contrário. Somos normalmente apanhados na curva. Um exemplo? Quando todos pensávamos que as TMT's iriam disparar na bolsa, "helás", a bolha rebenta, marcha-atrás, accionistas traumatizados, consumidores frustrados. (Diga-se, de resto, que neste cenário o 11 de Setembro foi mais a cereja no topo do bolo do que propriamente a origem da actual crise.)

Assim é. E quando nada nem ninguém se debruçavam sobre o assunto, as empresas de biotecnologia aceleram a passada a passam a ser a grande promessa de futuro. Na agenda, na grande agenda do futuro passam a figurar o genoma humano, a longevidade e as novas curas milagrosas. A imortalidade passa a estar em cima da mesa, retomando o mito dos "highlanders". O futuro é assim - traiçoeiro.

Descendo de novo à terra, há exemplos de consumo tecnológico que nos provam que somos quase sempre enganados com as simulações do futuro - ele olha para um lado e chuta para o outro. Nós quase nunca agarramos a bola. Veja-se o caso do SMS - grandes revistas internacionais como a "Time" faziam há três anos capas dedicadas ao WAP e na Europa, um por um, começávamos a descobrir as potencialidades de uma coisa tão simples chamada... SMS. Nem sabemos bem o que quer dizer... Certo é que o "Short Messaging Service" revolucionou bastante as modernas formas de comunicação. Tornou a comunicação mais barata, mais frequente, mais ligeira, mais supérflua, menos interactiva, mais corajosa. De WAP, para já, nada. Aliás, já passou o seu prazo de validade.

A própria Internet é outro caso típico. Andavam os gurus a falar de BBS's, video-conferências e teleconferências e, de súbito, a Web rompe com estas lógicas. A lógica da gratuitidade instala-se. O e-mail massifica-se. E leva tempo a que os operadores percebam ou queiram perceber o fenómeno que criaram. As resistências são várias e passam, sobretudo, pelo consumo e respectivo lucro. Por que motivo não há mais postos de Internet, seja num cibercafé, seja num aeroporto? Neste capítulo, parece que a Internet e as suas funcionalidades ainda não são levadas a sério.

Voltando ao futuro: a terceira geração de telemóveis, o famigerado UMTS, diz-se ser a panaceia que vai casar dois dos grandes fenómenos recentes - telemóveis e Internet. Juntemos-lhe a tão anunciada dimensão multimédia e o papel criador do consumidor-tornado-editor. Explosivo. Acontece, todavia, que o tal UMTS já vai atrasado pelo menos um ano. Estamos todos grávidos de esperança e o trauma do WAP faz recear o pior. Os fabricantes não tinham aparelhos, os operadores não têm dinheiro para o investimento, os consumidores desmotivam-se com tanta ginástica. Outro exemplo: e então para que é que serve o também tão apregoado GPRS, a tal geração dois e meio? Outro flop tecnológico em cima da mesa?

As dúvidas e o cepticismo vão-se instalando. O folclore tecnológico parece muitas vezes um jogo de sombras inconsequente. Há escassas semanas foi lançado mais um destes processos - o tempo dirá se efectivo. Há demasiadas desconfianças acumuladas, mas eis que temos aí o MMS (Multimedia Messaging Service). Dá para enviar emails, imagem e tudo o resto. Não é GPRS, não é WAP e, sobretudo, ainda não é UMTS.

A questão é: a poucos meses do anunciado UMTS valerá mesmo a pena aderir ao propalado MMS? Todos sabemos que o futuro é duro e sinuoso, mas, quando se fala de tecnologia, terá mesmo que ser assim tanto?


 

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