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  Navegante - 03/04/2000 Enviar por email   Versão impressora

Quando os sites caem...
 
  [Macro error: Can't locate an image object named "imagcad90".] Fiquei surpreendido quando o gigantesco site da Yahoo esteve fora do ar durante três horas. Depois seguiram-se três dias de ataques sucessivos que representaram o pior pesadelo possível para qualquer administrador de sistemas ou empresário da Internet.
Quase todos os sites comerciais com nomes mais sonantes caíram, um após o outro, dando lugar ao próximo alvo. Pouco a pouco, este ''estado de sítio'' foi acalmando, passando a uns ataques mais esporádicos se bem que surgissem novas escaramuças. Algures alguém se estava a rir com sua ''partida''.
Mas agora pergunto-me a se isso não foi apenas a ponta do icebergue.

Os grandes também tombam
O passado mês de Fevereiro veio mostrar que grandes sites podem ser atacados e temporariamente colocados fora do ar. Foram alguns dias de inesperado alvoroço, dos quais que ainda hoje não se conhecem todas as informações. O que se sabe é que toca ao comércio electrónico ainda há muito a fazer quanto à segurança. Mesmo os grandes sites também tombam! Não é só a questão das transações seguras mas também na sustentação do suporte em sí dos sites.

Um conceito antigo O uso em larga escala e consertado de ataques D.O.S (Denial Of Service) permitiu que este feito abalasse a Internet. No fundo um ataque em D.O.S. consiste envio aos servidores de pequenos pacotes com informações falsas que vão ''entupir'' os sistemas informáticos. Os servidores sobrecarregados com o processamento estes pedidos falsos começam a registrar atrasos e podem deixar mesmo de responder a pedidos verdadeiros, como por exemplo um pedido para aceder a uma determinada página que um cibernata quer ver ao navegar nesse site sobe ataque .
Supostamente os servidores de grandes site estavam preparados para resistir a ataques D.O.S., com filtros que lhes permitiam ignorar ataques provenientes de uma determinada origem. Mas alguém se lembrou de pegar num conceito antigo (que chegou a existir nos IRCs com ''bons'' resultados) e usar uma espécie de rede que coordena vários pontos de origem para efectuar o ataque, isto é distribui ordens entre a rede aumentado a potência do conjunto. A união faz a força! Surgiu assim o D.D.O.S. (distributed D.O.S.).

Ferramentas e Zombies
No fim do ano passado começaram a surgir ''ferramentas'' mais sofisticadas destes ataques D.D.O.S. como o Trinoo,o Tribal Flood e o Stacheldraht, capazes de transformar qualquer computador ligado à Internet num ''zombie'' sem vontade, e de gerir estes exércitos de '' zombies'' em ataques D.D.O.S. Era só uma questão de infiltrar as máquinas ligadas à internet e criar um exercito suficientemente grande.
O resultado não se fez esperar. Calcula-se que durante o ataque ao Yahoo, os seus servidores chegaram a receber um fluxo de um Gigabit por segundo, um volume de dados verdadeiramente incrível, o qual nenhum tipo de filtro existente conseguiria conter. Nos Estados Unidos esta ''façanha'' obrigou a que toda a questão da segurança fosse repensada e que mesmo as seguradoras mudassem a sua politica sobre a Internet.

Vêm aí os ''protestos''
Mas os ataques de Fevereiro podem ter sido apenas a ponta do icebergue. O conceito da distribuição de tarefas pela Internet por voluntários (como é exemplo o Seti@home, projecto que conta com mais de um milhão de membros em todo o mundo que processam sinais radio recolhidos vindos do espaço nos seus computadores pessoais) pode ser aplicado a causas em que o protesto passa pela Internet. Não se trata de um ciber-crime propriamente dito, mas sim uma forma de manifestação que se destina ''atacar'' os sites de certas instituições e empresas com as quais não concorda.

Manifestação distribuída?
Abril promete ser o mês em que se vai tentar elevar a outro nível o activismo na net. Uma manifestação distribuída por toda a rede mundial promete atacar os sites de empresas como a Pepsico e a McDonalds, pois supostamente estas empresas utilizam alimentos transgénicos e causam graves danos ao ecossistema global. Esta iniciativa pode ter fins louváveis, mas a questão é saber se os meios não vão introduzir a anarquia na Internet.

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