De certa forma quem usa a internet regularmente já se deu conta que as vezes existe algo de anormal. Algo que geralmente não é do conhecimento do público em geral, nem é tido como possibilidade pelos novatos na Internet. Mas de facto os Ciber-criminosos atacam onde menos se esperam e as suas «actividades» tomam muitas formas distintas.
Como vimos no artigo anterior a Lei existe apesar das suas deficiências. Nem sempre a lei atribui uma gravidade a esses actos conforme os danos que causa à Internet.
Pondo de parte alguns crimes perpetrados através internet (como por exemplo as burlas) classifico em 6 grupos o Ciber-Crime:
1.O spam
2. A pirataria
3.Criação e difusão de vírus
4.Violação de privacidade
5.Mutilação de sites
6.Violação de sistemas
O spam é a designação usada para o envio maciço de mensagens com conteúdos publicitários , repetitivos ou até as chamadas cartas em corrente (chain-letters) sem que os receptores dessas mensagens o tenham solicitado. Os serviços que estão mais sujeitos a este problema são o correio electrónico , os newsgroups (quando não moderados) , IRC e também o ICQ. Porém é via email que este acto têm mais repercussões. Quem nunca recebeu uns quantos emails de publicidade que não sabe como lá foram parar? Uma vez entrado o seu endereço electrónico numa lista de emails alvo possuído por alguém menos escrupuloso as dores de cabeça começam. Torna-se irritante ler toda aquela correspondência que virtualmente entope a caixa de correio electrónico. Para meu espanto cheguei mesmo a receber numa conta de web-mail particular uma proposta para fazer spam... Os anunciantes forneciam as listagens de emails e pagavam 100 dólares por cada milhão de emails enviados ou então 1500 dólares por cada 10 milhões... Que negócio!
A pirataria não existe só no domínio da Internet , contudo é na Internet que encontra um meio ideal de utilização. Também designada pelo termo . «WAREZ» é uma espécie de guloseima para cibernautas dos 7 aos 77 - trata-se da aquisição de programas , jogos ou até mesmo músicas (como no popular formato *.MP3) sem pagar os respectivos direitos de autor. Existe também outra vertente de «pirataria» que desbloqueia o shareware e demoware com através de formas de «desencravar» a totalidade do programa que deveria ser paga após uma breve experiência. Isto têm graves danos nas indústrias produtoras de software a nível monetário e leva a que estas desenvolvam novas versões do mesmo produto sem alterações substanciais só para que esses tais «programinhas» não funcionem mais. Este tipo de Ciber-Crime é quanto a mim o que esta a ser combatido com mais recursos e sem grandes resultados devido à sua enorme popularidade na Internet.
Os vírus informáticos são o pior pesadelo para quem usa regularmente um computador. Embora existissem antes da internet se tornar pública é na internet que encontram um meio perfeito de propagação. Actualmente existem varias extirpes exclusivamente vocacionadas para o uso da Internet como forma de se multiplicarem , como é exemplo o conhecido e medonho vírus «Melissa». A criação de vírus e sua introdução premeditada na Internet constitui um dos mais nefastos tipos de Ciber-crime que causam enormes prejuízos. Nem as próprias produtoras de software anti-vírus estão imunes a estes desastres com datas de ataque antecipadas.
A Violação de privacidade é um dos contornos mais sórdidos do Ciber-crime. Todos os cibernautas são visados. Nos últimos dois anos a chamada «engenharia invertida» tem desenvolvido muitos avanços nesta intromissão na vida alheia em especial com o uso de troianos. Embora o principal objectivo seja o roubo de passwords a violação de correspondência e mensagens electrónicas assim como leitura de ficheiros pessoais é bastante comum. Mas ao que parece também empresas e estados estão a cometer atropelos à cidadania muito semelhantes.
A Mutilação de sites é sem dúvida um dos aspectos mais visíveis do Ciber-crime. Desde há muito que furar sistemas só para mostrar tal feito faz parte do status quo Hack. Isto provoca graves danos na confiança dos cibernautas nesses sites, isto para não falar nas perdas economicas dos sites comerciais. E não é só no estrangeiro que isto acontece.
A Violação de sistemas é quanto a mim um dos aspectos mais sensíveis e perigosos que o Ciber-Crime pode ter. Estamos a falar de espionagem industrial, sabotagem, roubo de informação de bases de dados, enfim um sem número de actos que visam desacreditar ou até destruir grandes empresas ou instituições. Em geral são ocultados do público para minimizar os danos do impacto que tais violações têm. Há rumores de que grandes instituições chegam a pagar grandes resgates para terem os seus sistemas operacionais de novo. E mesmo avançados sistemas militares são joguetes nestes perigosos meandros criminais.
Tudo isto e muito preocupante... Mas está a Internet sem rei nem roque ? Onde pára a «policia»?
Bem isso fica para um próximo artigo.
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Navegante - 9/12/99