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UMTS: Conversação sem barreiras | ||
A 3ª geração de telemóveis vem aí e promete abrir a Era das comunicações a surdos, a cegos e a pessoas com dificuldades na fala. E mais, você que não tem nenhuma destas deficiências vai poder conversar com eles. Estará também a chegar a Portugal a geração da conversação total?
Depois da polémica do preço baixo com que as 4 licenças foram postas a concurso pelo Governo, eis que o ICP (Instituto Comunicações Portugal) torna público a grelha de avaliação. Englobado no critério "promoção do desenvolvimento e do acesso à sociedade da informação" com um peso de 50%, encontra-se um requisito que poderá mudar por completo o modo de comunicar e interagir entre e com Cidadãos Deficientes. Para estes pode ser a diferença entre inclusão e exclusão social. O telefone de voz tornou-se num importante meio de comunicação, aproximando as pessoas, mas esta tecnologia não pode ser usada directamente por todos. Surdos, cegos, pessoas com deficiência auditiva ou visual acentuada, surdocegos e pessoas com deficiências na fala precisam de serviços de telecomunicações alternativos, os quais têm que ser disponibilizados em iguais termos. A conversação pessoal via telecomunicações pode agora dar um grande passo em direcção à acessibilidade para todos, adoptando o conceito ''Conversação Total''. Os futuros serviços de telecomunicações podem oferecer aos utilizadores a possibilidade de comunicar simultaneamente através de vídeo, texto e voz. Este foi aliás um dos conceitos mais em foco na sessão especial sobre Cidadãos com Necessidades Especiais da conferência Ministerial sobre o Conhecimento e a Socidade da Informação, levada a efeito aquando da presidência portuguesa em Abril deste ano. A qualidade do serviço das operadoras, bem como a mais valia técnica dos seus projectos, passa também pela oferta de serviços a Cidadãos com Necessidades Especiais, e estes irão fazer parte dos regulamentos das respecitvas licenças que o ICP irá passar. Um dos principais serviços que uma grande parte dos países europeus já possui é o serviço de intermediação telefónica e conversores de texto-voz e voz-texto para cidadãos com deficiência de audição e fala. Baseado num serviço de intermediação entre o emissor e o receptor, constituído por operadores que transcrevem de voz para texto ou de texto para voz consoante a necessidade dos interlocutores da comunicação, dão assim a possibilidade de se estabelecer uma comunicação entre uma pessoa surda e um ouvinte. Em Espanha este serviço é levado a efeito pela ONCE (Organização Nacional de Cegos Espanhola), pelo Ministério do Trabalho e Solidariedade e pela operadora Telefónica. Já no Reino Unido este serviço constitui uma das clausulas da licença da operadora British Telecom, que o disponibiliza gratuitamente aos utilizadores . De notar que a BT gasta anualmente cerca de 4,5 milhões de libras. De notar ainda que o tarifário a cobrar ao utilizador deste serviço terá que levar em conta o facto de uma mensagem transmitida nestes moldes demorar seis vezes mais que a tradicional chamada telefónica por voz. Os operadores terão também que pensar seriamente na possibilidade de oferecer ligação e acesso a utilizadores com telefones de texto, bem como permitir a permuta de informação entre correio electrónico, pagers, faxes e mensagens de telemóvel. Um dos protocolos que promete assegurar a compatibilidade de todas estas comunicações é o V.18. A vídeo telefonia é outro dos serviços a disponibilizar à comunidade surda, principalmente, que permitiria levar o serviço de interprete de língua gestual à distância. Só a sua disponibilização a preços reduzidos, poderá trazer a esta comunidade uma verdadeira revolução na sua integração em sociedade. Só para citar alguns: seguir uma aula na escola, fazer-se entender numa urgência de hospital, seguir uma conferência, etc, etc. O interface dos equipamentos, como é o caso dos ecrãs dos telemóveis é uma grande barreira à sua usabilidade por parte das pessoas cegas e mesmo amblíopes. É imperioso encontrar soluções alternativas que tornem tal usabilidade possível. A comunicação UMTS irá permitir um acesso à internet de alta velocidade com rácios que chegam a 2 Mbit/s quando se usa um terminal fixo. Isto permitirá criar serviços baseados na transferência de grandes quantidades de informação, como é o caso da transmissão de livros falados das bibliotecas para pessoas cegas. Um vulgar romance pode demorar apenas 20 minutos a ser transferido. Para as pessoas cegas também é importante a disponibilização de um serviço gratuito de verbalização das listas telefónicas que se aplique também a profissionais telefonistas cegos. Toda a correspondência efectuada entre o operador e o cliente com necessidades especiais, nomeadamente a facturação deve ser apresentada em suporte acessível (Braille, áudio ou caracteres ampliados). Estes são apenas alguns dos possíveis serviços a implementar. De notar que no caso do mercado Português estamos a falar de cerca de um milhão de portugueses portadores de alguma deficiência e que a maioria das soluções apresentadas servem também cerca de dois milhões de idosos existentes no nosso pais. Não me parece pois que estejamos a falar de um nicho de mercado. Estes são alguns dos temas em debate e que está presentemente a ter lugar na internet. Os concorrentes às 4 licenças nacionais preparam as suas estratégias na área e você pode assistir a tudo e participar através da página do Grupo Português pelas Iniciativas em Acessibilidade (www.acessibilidade.net). Que ganhe o melhor e mais acessível!
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