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| 19/05/99 - Pedro Chichorro | Enviar por email Versão impressora | |
| Seti At Home | ||
Vamos ajudar o SETI a procurar sons artificiais no espaço.
Um velho senhor está sentado pacificamente à porta da sua casa de madeira. O cenário é de uma noite estranhamente azulada, recortada por copas de grandes árvores. O velho arranca uns fumos do cachimbo e uns tragos de cerveja enquanto baloiça na sua cadeira. Uma luz aparece na floresta. Assustado, o enrugado senhor paraliza, mas o sangue de cowboy leva-o a pegar na sua caçadeira e investigar. Passados 20 minutos o mundo está todo a ser atacado por uma estranha forma de vida. Todos os governos se unem, embora os espectadores vejam apenas os factos relevantes e realmente interessantes que se passam nos EUA. Mais vinte minutos e a acção está no seu auge. Homens de negro, agentes do FBI e líderes de grandes potências unem esforços para manter a ordem neste cantinho do Universo. Uma hora passou e tudo está terminado. O mundo uniu-se. Curiosamente todo ele estava a ser atacado, mas bastou destruir a grande nave que ameaçava o país do tio Sam para que tudo voltasse à normalidade . Mas isso são outras conversas. Não nos conseguimos unir para a paz, ou para ajudar os mais desfavorecidos, mas há coisas simples que podem ser feitas em conjunto. É como limpar uma casa, se cada um fizer uma parte da tarefa tudo será mais fácil e rápido. Mas têm que ser tarefas simples como... procurar vida extraterrestre, por exemplo. Porque não? A emoção é enorme! Enquanto navegamos ou perdemos aquelas horas todas nos IRC, podemos emprestar o nosso pequeno processador e os nossos míseros megas de RAM a ajudar o pessoal do SETI (Search for Extra Terrestrial Inteligence). O Seti At Home tem dois sabores à escolha: Pode estar sempre em actividade descarregando os sons que nos chegam do espaço e processá-los ou fazê-lo apenas como screensaver para não nos prender muito o sistema. De uma forma ou de outra, os dados chegam-nos muito lentamente o que nos faz acordar para a realidade e assim nos lembramos que estamos na velha e lenta Internet... à procura de homenzinhos verdes ou cinzentos, altos, baixos; não interessa desde que nos emprestem alguma tecnologia para acelerarmos isto. Claro que também aqui tudo que é relevante passa-se nos EUA, os dados que processamos são enviados de volta para os seus enormes discos rígidos e provavelmente nunca falarão de nós caso tenhamos sido nós a encontrar uma antena que seja. Eu não me importo, quero é a Internet mais rápida e acho que os extraterrestres têm muito para nos ensinar nessa área. O negócio é o seguinte... 
Como já se disse aqui, a informação é demasiada para ser processada toda nas instalações do SETI. Convenhamos que 35 Gigabytes de sons por dia arrepiam qualquer um. Assim, pedem a nossa ajuda, simples utilizadores caseiros com uns computadorezinhos ridículos e que apenas sabemos usar editores de texto e jogar. Unidos somos fortes e venceremos.Os sons são gravados em fitas no observatório de Arecibo, Puerto Rico e depois, pasme-se, são enviadas por correio normal para Berkeley onde os dados são divididos em porções individuais (sem palhinha) de 0.25MB. Estou a usar o programa enquanto escrevo e agora compreendo como deve ser difícil lidar com estes dados. Em 10 minutos consegui processar 0.43% dos tais 0.25 Mega que me foram enviados. Ou seja, para analisar uma pequeníssima porção de espaço vou precisar do dia todo. A única coisa que me mantém firme é saber que não estou só nesta tarefa. Olhar para o programa não é muito interessante, mas tudo muda se lermos as explicações dadas no site do Seti At Home. Na página 4 da descrição deste projecto é-nos mostrado o que estamos a procurar. Nesta página temos sons em Real Audio representativos do que será o sinal caso recebamos algum e como o ouvimos. É uma experiência mais enriquecedora e que nos dá um pouco mais de vontade de usarmos o nosso computador com aqueles gráficos estranhos e aquelas cores. Em 20 minutos completei 0.97% do pacotinho que me foi enviado mas na mesma página é-nos explicado porque demora tanto tempo a processar os dados.
O nosso pequeno computador tem que remover todos os efeitos de aceleração de Doppler e, contas feitas, só nesta tarefa são 100 mil milhões de cálculos. Depois vem o aumento da frequência e mais 50 mil milhões de cálculos. Não, não vou explorar mais isto. Aqui falamos do software e do conceito: Procurar ETs. Uma tarefa reservada a todos nós simples humanos estejamos nós num escritório em Leça da Palmeira, ou num apartamento no centro de Nova Iorque. Segundo o pessoal do SETI, actualmente recebem 200.000 pacotes processados por dia. Cada um desses pacotes demora 24 horas a ser processado num vulgar CPU de 233MHz (não há possibilidade jogar ao mesmo tempo, dizem eles). Imaginem a quantidade de trabalho de que eles se livraram. Mas é um prazer, disponham.
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