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Impressões Digitais, por Miguel Vitorino
Comunidades de volta!

As comunidades de cibernautas, que marcaram os primeiros anos da Internet, parecem estar a voltar em força. Os weblogs são um exemplo de como a Internet continua a ser um espaço para expressar suas opiniões e não apenas como um enorme lugar de consumismo.

 

Opinião Opinião

MIGUEL VITORINO
Especialista em Tecnologias de Informação
 
PERFIL
Um dos pioneiros do jornalismo on-line em Portugal, foi fundador e director da extinta publicação electrónica Recortes. Fundou e dirigiu a revista Spooler, e foi jornalista das revistas ComputerWorld/Correio Informático e Cérebro/PC World. Foi ainda director técnico de "A Rede BBS", a primeira a dar acesso à Internet em 1992.

No próximo mês, não perca a coluna de João Lopes Marques!

 

 

Durante a década de 80 e primeiros anos da década de 90, quem tinha o privilégio de aceder à Internet apercebia-se que pertencia a uma comunidade auspiciosa onde muitas das vezes se conheciam os emails e nomes verdadeiros de quem partilhava os mesmos interesses. O sucesso da Web e a transformação da Internet num mecanismo gerador de riqueza levou à quebra desse sentimento.

Por exemplo, a Usenet, onde antes decorriam discussões de grande qualidade e com pouco "ruído", transformou-se num sítio pouco recomendável onde imperam os spammers, pessoas sem escrúpulos, e onde é difícil manter uma conversação civilizada.

Da mesma forma, a Web foi tida durante um curto espaço de tempo como uma sucessora das populares BBS (Bulletin Board System). Infelizmente, isso não se concretizou. Em vez de passar as arcaicas tecnologias usadas nas BBS para a Internet, as software-houses e muitos dos SysOps pretenderam travar uma espécie de guerra inglória contra a Internet. Perderam eles e perderam os frequentadores das BBS que não viram transposta para a Web as comunidades criadas e nutridas ao longo de muitos anos.

Nem todas as comunidades de utilizadores ficaram órfãs: a velha CompuServe e a mais recente America Online (AOL) tinham (e têm) como grande atractivo juntar os interessados nos mais variados assuntos - mais técnicos na CompuServe e generalistas na AOL.

Com a crise no sector, em 2001, assistiu-se a um fenómeno espontâneo de vontade de participação dos cibernautas que se reflectiu na forte adesão aos fóruns de discussão e criação de weblogs (também conhecidos por blogs).

É difícil quantificar a adesão aos fóruns mas só no Yahoogroups existem mais de um milhão de moderadores e decerto várias vezes este número em utilizadores. No entanto, a revolução em curso é liderada por ilustres desconhecidos, tanto na parte de hospedagem, como de software: Ezboard, iKonboard, invision ou a Yabb, só para citar alguns dos mais populares.

Tomemos agora como exemplo os blogs. Para quem não conhece este termo, deu-se esta atribuição aos sites pessoais que davam uma versão pessoal da navegação na Internet embora neste momento existam blogs sobre os mais variados temas. Em vez de confiar nos poderosos media ou em instáveis projectos de menor dimensão, nota-se uma grande vontade dos cibernautas comunicarem as suas experiências ou darem o seu ponto de vista sobre o que se passa no mundo. Ferramentas como o portal blogger.com fazem com que todos possam criar e actualizar a sua própria publicação - mesmo sem saber um pingo de HTML.

Seria interessante saber até que ponto estes movimentos poderão (ou não) estar ligados à crise actual do sector. Seja como for, é saudável ver os cibernautas interessados na Internet como um sítio onde podem expressar as suas opiniões e não apenas como um enorme lugar de consumismo. O facto desta revolução silenciosa não ter sido prevista pelos mais cotados ciber-gurus leva-me a ter esperanças que não se trata duma moda mas sim duma apontador claro do futuro da Internet.

Esta é uma forte razão para encararmos com optimismo o futuro da Internet. Quando os cibernautas assumem o controlo pelas suas próprias mãos da Net, o futuro fica cada vez menos dependente dos ciclos da Bolsa ou da confiança dos investidores privados.

PS: A partir desta semana vou passar a assinar uma coluna mensal aqui na Digito. Como complemento destas crónicas, sugiro uma visita ao meu weblog, onde diariamente deixo algumas impressões dispersas sobre o que se vai passando no universo da tecnologia.


 

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