Rosário Cação, João Beltrão, Pedro Chichorro e Pedro Balbis entraram no negócio da informática por gosto. Os três rapazes abandonaram os estudos universitários ainda com poucos semestres cumpridos e lançaram-se a tempo inteiro nos projectos informáticos. Rosário Cação levou até ao fim a licenciatura. Actualmente, concentra-se no MBA e no seu trabalho como assistente universitária. Além da empresa, claro.

No início, o negócio funcionava em sistema de teletrabalho, cada um em sua casa. Numa fase posterior, concentraram as operações na habitação de um dos sócios, tendo mais tarde montado escritório em Leça da Palmeira, Matosinhos, onde hoje trabalham. Primeiro, com os computadores que tinham trazido de casa. Só alguns meses depois compraram novas máquinas.

Dos primeiros tempos, as recordações são de "muito trabalho, retorno nulo e apenas agradecimentos". Quatrocentos contos foi o valor investido, mas nunca obtiveram qualquer tipo de apoio ou subsídios do Estado.

Os primeiros passos da Prodígio foram a prestação de serviços de web design e a criação de uma newsflash, com notícias de tecnologia, informática e Internet. Meses depois, a newsflash semanal passa para uma publicação electrónica com actualização diária: a Dígito, um dos sites mais visitados em Portugal, com mais de 200 mil visualizações, estimando-se que possua cerca de 27 mil leitores.

Na área da criação de páginas de Internet, o projecto mais conhecido é o do re-design do Sapo (servidor de apontadores portugueses) em Setembro do ano passado. Logo no primeiro mês da nova imagem, as visitas aumentaram 400 % e o sucesso obtido fez com que passassem rapidamente a ter uma procura dos seus serviços de design cinco vezes maior.

Há cerca de um ano iniciaram a prestação de outro tipo de serviços: a formação on-line. Através da marca Dígito Formação, cursos de diversas matérias (programação, construção de páginas da Internet, utilização de programas) podem ser frequentados via Internet. E começaram já a fazer consultadoria para outras empresas que querem ministrar os cursos, cedendo o seu know-how.

Quando iniciaram o negócio, os quatro jovens reconheciam que o mercado tinha enormes potencialidades. No entanto, ao longo dos dois anos de actividade "as expectativas foram sempre superadas". De números não gostam de falar, mas têm consciência de que os anos que se aproximam poderão proporcionar lucros ainda mais elevados.

Com novas formas de acesso à Internet e a tendência da diminuição dos preços dos aparelhos trazem expectativas animadoras quanto ao crescimento dos utilizadores das auto-estradas da informação. E o futuro apresenta uma visão mais optimista quando se tem em conta que, segundo as estatísticas, apenas 3 % dos lares portugueses possuem Internet.

Os sócios da Prodígio admitem ainda que o sucesso está também relacionado com o facto de em Portugal existir pouca gente com experiência nesta área. E uma equipa autodidacta com garantias dadas e bem-sucedida no negócio é alvo de "assédio permanente", admitindo que é "um petiscozinho para os investidores".

Para o futuro, "ideias não faltam". Mas o segredo faz parte da estratégia e o certo é que querem continuar a produzir sites "com interesse e muita utilização". A fórmula é simples: "Criar coisas para as pessoas usarem - fáceis, leves, simples e bonitas." Consequência: aumento das visualizações associado ao aumento das receitas de publicidade. Os resultados estão à vista.